A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (30), um aumento de reembolso com gastos em saúde em 170%. Esse reajuste ocorre em meio a dura realidade de milhares de brasileiros que sofrem com a precariedade em hospitais públicos pelo Brasil e o aumento abusivo de planos de saúde privados.

O aumento foi publicado no Diário Oficial pelo presidente da Casa Arthur Lira (PP-AL).  De acordo com o texto, o reajuste estava previsto no orçamento e deve-se a uma defasagem não corrigida desde 2015. Antes da decisão de Lira, o valor máximo de ressarcimento era de R$ 50 mil, agora os deputados poderão ter até R$ 135 mil devolvidos pelo poder Legislativo.

A justificativa dos parlamentares foi com base no que chamaram de “inflação médica”, ou seja, aumento nos custos com saúde. O contraditório, neste caso, é que a população em geral, que precisa pagar por serviços médicos nem sonham com tamanho privilégio.

Quem recorre ao setor privado de saúde amargou o aumento abusivo dos planos de saúde. De acordo com o Procon de São Paulo – órgão de defesa do consumidor – após levantamento feito com usuários, empresas de plano de saúde coletivo repassaram reajustes de até 228% aos usuários em janeiro de 2021.

Já de acordo com Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), em modalidades de planos individuais, familiares, coletivas e empresariais, em janeiro, o aumento variou de 12,21% e 49,81% .

A grave crise sanitária que vive o país tem levado a todos se preocuparem com o acesso à saúde de qualidade. É vergonhoso e imoral, que no meio de uma pandemia, esses políticos sigam pensando em aumentar suas regalias, enquanto quem não pode pagar por serviços médicos, morre por falta de leitos, fruto da falta de investimento orçamentário e precarização do SUS (Sistema Único de Saúde). Na outra ponta, quem pode pagar amarga aumentos desproporcionais no serviço.

No país que bateu a marca de 3.688 mortes em 24 horas pelo novo coronavírus, nesta terça-feira (30), é preciso denunciar essa manobra dos políticos que seguem aumentando seus privilégios, enquanto o povo morre à espera de um leito de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).

Via: CSP-Conlutas.