Uma pesquisa coordenada pela professora Dra Elizama Aguiar de Oliveira, do Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas (DCET) da UESC, desenvolveu bioetanol à base de resíduos agroindustriais, como cascas de cacau e bagaços do malte.

Antes descartado, agora o lixo orgânico passa por um processo químico, que atribui nova utilidade aos produtos. A docente explica como funciona a transformação:

“A hidrólise consiste em submeter os resíduos a uma primeira etapa com solução ácida fraca e calor para, posteriormente, aplicar soluções enzimáticas. As melhores condições destas etapas foram investigadas de forma a se obter maiores concentrações de açúcares fermentescíveis”, disse.

A iniciativa ainda visa reverter um conflito ecológico na região. Devido à grande produção de cacau, em que se utiliza a polpa e as sementes, a quantidade de cascas descartadas é muito grande:

“O acúmulo destas cascas no campo pode, por exemplo, resultar em um foco de contaminação do fungo causador da doença ‘vassoura-de-bruxa’ que já trouxe muitos prejuízos à região. Assim, é de grande importância apresentar novas aplicações para este resíduo”, destacou a professora.

Já o malte foi selecionado para a pesquisa por conta da popularização das cervejas artesanais, que geram um acúmulo de bagaço após a produção. Essa combinação de dois resíduos distintos é um diferencial do projeto:

“O trabalho nos apresenta o desafio de definir as melhores condições de hidrólise que permitam atuar sobre dois resíduos que possuem diferentes composições químicas. Assim, podemos propor uma alternativa para estes resíduos de forma simultânea”, afirma.

Além da Dra Elizama Aguiar, o grupo de pesquisa é composto pelos estudantes Frederico Lobo e Gabriel Albuquerque. O trabalho conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb). A realização ocorre em parceria com o Laboratório de Microbiologia Aplicada da Agroindústria (Labma-Uesc), coordenado pelas Professoras Ana Paula Uetanabaro e Andréa Costa:

“Contamos ainda com o apoio das empresas Prozyn (São Paulo) e LNF (Bento Gonçalves) que doaram alguns reagentes”, finaliza Elizama.

Com informações da ASCOM UESC.