Levantamento feito pela consultoria IDados revela um cenário assustador. Mais de dois terços (77%) dos jovens brasileiros têm emprego considerado de baixa qualidade, caracterizado por baixo salário, sem seguridade social, alta informalidade e rotatividade.

Significa que de cada dez jovens, oito encontram-se nessas condições. Em números absolutos, são 7,7 milhões de pessoas em trabalhos precarizados. Na faixa etária entre 25 e 64 anos, o porcentual é de 39,6% e, acima de 65 anos, de 27,4%.

Segundo o levantamento, feito com base nos dados da PNADC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IGBE, o emprego dos jovens apresenta precarização em vários aspectos, mas os piores são na renda e estabilidade. Para cerca de 90%, a renda é inferior a seis vezes uma cesta básica (varia de R$ 398 a R$ 539) e 75% têm menos de 36 meses de tempo de trabalho.

Ainda de acordo com o estudo do IDados, quase metade dos jovens não contribuem com a Previdência. Além disso, muitos não têm benefícios como plano de saúde ou vale refeição. 32,7% dos jovens não tem carteira assinada.

A última pesquisa da PNAD revelou também que a taxa de desemprego entre os jovens foi recorde no terceiro trimestre deste ano, sendo o dobro da média nacional. No período, o desemprego no país atingiu a marca de 14,6%. Entre os jovens na faixa dos 18 a 24 anos, o índice foi de 31,4%.

Terra arrasada

O quadro de precarização total entre os jovens acontece três anos após a aprovação da nefasta Reforma Trabalhista no governo Temer. Com discurso de que supostamente seriam gerados empregos, na prática, acabou com vários direitos trabalhistas e permitiu uma flexibilização (precarização) recorde.

O contrato de trabalho intermitente, uma das medidas criadas na reforma trabalhista, por exemplo, é uma das principais formas de precarização. A modalidade prevê a remuneração apenas das horas ou dias trabalhados, sem considerar o período que o trabalhador fica à disposição da empresa, além de não garantir direitos mínimos. A constitucionalidade desse tipo de contrato está em julgamento no Supremo Tribunal Federal.

Associadas com a crise econômica mundial e a pandemia, essa reforma trabalhista, assim como a lei que liberou as terceirizações e medidas recentes do governo de Bolsonaro e Mourão, destruíram o mercado de trabalho, penalizando brutalmente toda uma geração que se vê cada vez mais sem perspectivas.

“Bolsonaro e os empresários tem a cara de pau de defender que os trabalhadores devem escolher entre ter empregos ou direitos e agora o que vemos é que as políticas ultraliberais que eles adotaram não garantiram nem uma coisa, nem outra. A precarização se aprofundou de tal forma, que temos um exército de desempregados e trabalhadores precários”, avalia o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Luiz Carlos Prates, o Mancha.

“É diante deste cenário preocupante que a CSP-Conlutas elaborou o Programa Emergencial para Enfrentar a Pandemia e a Crise. Nós, trabalhadores, teremos de nos mobilizar para derrotar os ataques do governo de Bolsonaro e Mourão e exigir medidas efetivas que garantam empregos e um plano de vacinação contra a Covid, por exemplo”, afirmou.

Confira o Programa Emergencial da CSP-Conlutas para enfrentar a pandemia e a crise econômica AQUI.

Via: CSP-Conlutas.