Na madrugada desta quinta-feira (9), manifestantes bolsonaristas atacaram com bombas o acampamento que abriga mais de 4 mil mulheres e crianças indígenas, em Brasília (DF). Representantes de diversos povos originários estão reunidos na capital para a realização da 2ª Marcha das Mulheres Indígenas.

Durante toda a manhã, grupos de apoiadores do governo Bolsonaro continuaram com ameaças de violência. O objetivo é intimidar as delegações de indígenas e impedir que a marcha, prevista para esta quinta, aconteça. A marcha irá caminhar do acampamento até o STF (Supremo Tribunal Federal) para acompanhar o julgamento do marco temporal.

“É uma afronta muito grande. Uma falta de respeito muito grande. Principalmente com nossos direitos. O STF está julgando nosso futuro e a gente está sendo impedido de estar presente. Uma marcha que foi minuciosamente planejada para que nada desse errado agora corre o risco de não acontecer pelas intimidações desse bando de bolsonarista. É inadmissível”, afirma Raquel Tremembé dirigente da Executiva Nacional da CSP-Conlutas e da Anmiga (Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade).

Raquel denunciou que duas bombas explodiram próximas a sua barraca durante a madrugada. Outras mulheres indígenas também afirmaram ter ouvido explosões em outros pontos nos arredores do acampamento. Apesar das intimidações, as manifestantes querem continuar na luta em defesa da vida e da terra.

“As delegações estão com medo e até agora nenhuma autoridade competente tomou providência em relação a isso. Não podemos permitir que isso aconteça. Os advogados da marcha estão cuidando disso e nós pedimos o apoio para que a marcha possa ser realizada com segurança. Ela vai acontecer. De uma forma ou de outra, vai acontecer. Todos querem participar e ter os direitos respeitados”, conclui Raquel.

Violência Bolsonarista
Grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro continuam na Esplanada dos Ministérios desde os atos de 7 de setembro. O clima nas imediações é de tensão, com jornalistas e policiais relatando diversas ameaças. Na quarta-feira (8), bolsonaristas também tentaram invadir o Ministério da Saúde, causando pânico nos funcionários do órgão público.

O governo federal e do Distrito Federal estão sendo coniventes com este cenário de caos e precisam ser responsabilizados. Não se pode tolerar posturas antidemocráticas e de ataques aos povos originários.

Todo apoio
A CSP-Conlutas manifesta todo apoio à realização da 2ª Marcha das Mulheres Indígenas e repudia qualquer tipo de ataque contra os representantes de povos originários presentes em Brasília. Neste momento, além da denúncia, é preciso cercar de solidariedade os manifestantes que estão na luta contra o marco temporal.

O STF deve continuar com o julgamento do tema nesta quinta. Em jogo, está a lei que rege as demarcações de terra no Brasil. Caso aprovado, o marco temporal irá favorecer ruralistas e o agronegócio, dois pilares do governo Bolsonaro. Por isso, em defesa do direito indígena, é preciso somar forças na luta contra o marco temporal.

Via: CSP-Conlutas.