Após a deliberação de deflagração da greve, por tempo indeterminado, dos docentes na UNEB, UESB e UEFS e manutenção do Estado de Greve na UESC nas assembleias do último dia 04 de abril, o Governo do Estado da Bahia, de forma inexplicável e desrespeitosa, suspendeu uma reunião agendada com o Fórum das Associações de Docentes das Universidades Estaduais a ser realizada no dia 08 de abril.  
Há três anos sem receber o Movimento Docente, os representantes do Governo Rui Costa receberam as Associações Docentes, às vésperas das assembleias, no dia 03 de abril, e se comprometeram, por meio de documento escrito, com ou sem a deflagração da greve, de se reunir com o Movimento Docente para iniciar de fato o processo de negociação. A justificativa para isso é que, naquele momento, não havia por parte do governo nenhuma proposta concreta relacionada com a pauta de reivindicações, apenas sinalizações vagas sobre promoções e regime de trabalho.
Em vez de cumprir seu compromisso com o Movimento Docente, o governo agendou para o mesmo dia e horário uma reunião com o Fórum de Reitores das Universidades Estaduais da Bahia. É preciso esclarecer que os Reitores das Universidades Estaduais NÃO SÃO OS INTERLOCUTORES do Movimento Docente. Neste grave momento, em que as atividades docentes serão paralisadas, desmarcar uma reunião com Fórum das ADs não contribuí para a resolução do impasse criado pelo governo. Os Reitores, assim como os deputados e demais representantes da sociedade, podem contribuir no processo de mediação para sensibilizar o governo na imediata resolução da crise instalada nas Universidades, cujos fatores repousam no contingenciamento de verbas, ataques aos direitos dos servidores, arrocho salarial, falta de autonomia e de uma política adequada de permanência estudantil. Contudo, os reitores, em particular, jamais devem substituir as categorias na defesa de suas reivindicações.    
Em uma conjuntura de retirada de direitos da classe trabalhadora e de sucateamento dos serviços públicos no cenário internacional e nacional, sendo a educação alvo prioritário de setores conservadores, o Movimento Docente, cujas conquistas são fruto de árduas lutas e negociações com vários governos, vê com muita preocupação declarações por parte do governo que visam desqualificar a legítima luta dos trabalhadores e trabalhadoras da educação superior em nosso Estado. A educação pública de qualidade, gratuita, laica, socialmente referenciada é direito da população baiana. Portanto, não se constituí em crime defender este patrimônio. Crime é extirpar a possibilidade de milhares de jovens terem acesso à uma educação pública de qualidade por meio das Universidades Estaduais, mantidas e sustentadas com dinheiro oriundo do suor e do trabalho da classe trabalhadora.  

Salvador, 07 de abril de 2019.

FÓRUM DAS ASSOCIAÇÕES DOCENTES DAS UNIVERISDADES ESTADUAIS DA BAHIA
ADUNEB, ADUSB, ADUFS, ADUSC