Antes de completar um mês à frente do Ministério da Saúde, Nelson Teich pediu demissão na última sexta-feira (15). É a segunda troca no comando do ministério em meio à grave pandemia de Covid-19, que já causou a morte de milhares de brasileiros.
A queda de Teich é mais um capítulo da crise política instalada no país e revela a gravidade dos desmandos do governo de ultradireita de Bolsonaro e Mourão, que tem agido de forma genocida diante da pandemia.
Desde que assumiu, Teich vinha sofrendo pressão de Bolsonaro para que o Ministério mude o protocolo sobre o uso da cloroquina, liberando geral o uso do medicamento, que é polêmico e não tem comprovação científica de sua eficácia. Estudos têm demonstrado que além de não ser eficaz no combate à Covid-19, a Cloroquina tem graves efeitos colaterais, que já levaram à morte várias pessoas em todo o mundo. O ministro vinha também sendo pressionado a determinar novas diretrizes para o relaxamento das regras de isolamento social.

A saída do médico oncologista acontece quatro dias depois da situação constrangedora enfrentada por ele durante uma entrevista do Ministério da Saúde. Na última segunda-feira (11), no meio da entrevista, Teich foi informado por um repórter que Bolsonaro havia publicado um decreto incluindo academias, salões de beleza e barberias como “serviços essenciais”. Teich reagiu atordoado, pois não sabia da medida.
O fato é que nas poucas semanas que ficou no cargo, Nelson Teich se calou diante dos desmandos de Bolsonaro e agravou a inoperância e paralisia do Ministério da Saúde no combate ao coronavírus. Só pulou fora quando viu que teria de colocar sua reputação em risco de vez, para autorizar a Cloroquina, que não tem comprovação científica para tratamento da Covid-19.
Bolsonaro tem dito aos quatro ventos que quer no Ministério da Saúde alguém para falar “sua língua” . Ou seja, outro genocida convicto que não se importe com a vida dos mais pobres.
Quem assume interinamente é o secretário-executivo do Ministério, o general Eduardo Pazuello, aumentando ainda mais a militarização deste governo de ultradireita.

Basta! É preciso por para fora Bolsonaro e Mourão, já!

A demissão de Teich, deixando sem comando novamente o ministério responsável pelo combate à pandemia, acontece no mesmo dia em que Bolsonaro vetou o direito de mais de 20 categorias de trabalhadores receberem o auxílio emergencial de R$ 600.

“Estes dois acontecimentos mostram a gravidade da política genocida deste governo, que não se importa com a vida e nem com as condições de sustento e empregos dos mais pobres”, denuncia o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes.
“Basta. É preciso colocar para fora urgentemente Bolsonaro e Mourão. Temos de defender a vida, os empregos e renda para o sustento das famílias. É necessário 30 dias de quarentena geral já para deter a proliferação do vírus e garantir que os trabalhadores e mais pobres recebam urgentemente uma renda básica durante a pandemia”, defendeu Atnágoras.

Via: CSP-Conlutas.