A Prefeitura de Ilhéus vai iniciar o plano de reabertura do comércio a partir desta quarta-feira (03). Divididas em quatro fases, as atividades econômicas serão autorizadas a funcionar de forma gradativa, começando com a liberação da Fase 2. Classificada como Zona Branca, a segunda fase conta com estabelecimentos como restaurantes, lanchonetes, lojas de artigos esportivos, de móveis, tecidos, vestuários, joalherias, agências de turismo, concessionárias, perfumarias e outras. A Fase 1, já em andamento, concentra os serviços essenciais (clique aqui para acessar o Decreto Municipal n. 042 de 01 de junho de 2020).


A medida segue o modelo implantado em outras cidades e estados pelo Brasil, que decidiram flexibilizar o comércio mesmo com o país ultrapassando a marca de 30 mil mortes por Covid-19 e mais de 530 mil casos. Em Ilhéus, o último boletim divulgado registrou 557 casos confirmados, 150 à espera do resultado do teste e 29 óbitos.
Além dos números gerais, a quantidade de casos por dia também mostra que a curva segue em crescimento. No município ilheense, foram 39 novos pacientes contaminados em 24 horas. Diante desses números, a flexibilização das atividades é bastante criticada:
“Eu vejo com preocupação a reabertura do comércio em Ilhéus. O período de confinamento nas primeiras semanas foi de certa maneira efetivo. Entretanto, após o mês de abril, o confinamento foi aos poucos sendo abrandado, relaxado, e chegamos ao ponto de nas últimas semanas encontrarmos praticamente todo o comércio aberto”, disse o professor Elvis Barbosa, Secretário Geral da ADUSC.
Para o docente, a Prefeitura não colocou em prática um plano responsável e eficaz de combate ao coronavírus, que permitisse retomar as atividades:
“Não vimos as medidas necessárias para conter o avanço da doença na cidade, como a ampliação da quantidade de testes rápidos na população, principalmente na periferia. No distrito de Aritaguá, por exemplo, o número de contaminados tem aumentado, sem que haja notificação da prefeitura. Os casos estão acontecendo numa velocidade muito maior do que os registros divulgados pela Secretaria de Saúde”, afirma.
A medida do executivo municipal transmite aos comerciantes a responsabilidade das ações de prevenção. O professor Elvis Barbosa considera o decreto um risco desnecessário à população:
“A prefeitura está abrindo o comércio para atender às pressões do setor empresarial e também de segmentos religiosos, indo na direção oposta ao que está sendo colocado para o Brasil nesse momento. A Organização Mundial da Saúde prevê um aumento do número de casos de Covid-19 no país até o início de julho. Conseguimos retardar esta previsão devido às medidas que foram adotadas logo no início da pandemia, entre os meses de março e abril. Mas a abertura que está sendo proposta pela prefeitura conduzirá a cidade a um novo patamar muito perigoso”.
A taxa de ocupação de leitos no estado da Bahia cresce a cada dia, com algumas cidades já sem vagas para internação. Por isso, alguns municípios estão aumentando o tempo do toque de recolher e prorrogando os prazos de suspensão das atividades. Um caminho inverso ao decreto assinado pelo Prefeito Mário Alexandre (PSD):
“O número de leitos hospitalares na cidade de Ilhéus já está saturado ou à beira do colapso. Nós da ADUSC vemos como imprudente esta decisão da prefeitura de reabrir o comércio já a partir de amanhã. Precisamos nos posicionar! A vida é mais importante que o lucro”, finalizou o Secretário Geral da ADUSC.
Diante do risco que a retomada do comércio traz à população ilheense, a Associação de Docentes da UESC convoca toda a categoria a se manifestar contra o decreto municipal. Envie um email ao Gabinete de Crise de Ilhéus e pressione o prefeito a revogar a decisão. Não é o momento para afrouxar as medidas restritivas, mas sim de ampliá-las. O distanciamento social precisar ser garantido, com mais testes para a população e com mais ações de ajuda financeira às famílias e trabalhadores/as.
Vamos preservar as vidas!

Contato do Gabinete de Crise:
gabinetedecrise@ilheus.ba.gov.br