Um dia depois de levar pessoalmente ao Congresso uma medida provisória para privatizar a Eletrobras, Bolsonaro foi à Câmara dos Deputados na quarta-feira (24) e entregou um projeto de lei para também entregar ao setor privado a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos).

O texto prevê a transformação dos Correios em uma empresa mista e abre caminho para que empresas privadas também assumam atividades hoje garantidas pela estatal.

Segundo informou a Secretaria Geral da Presidência, ao mesmo tempo em que o PL tramitar no Congresso, o governo fará estudos sobre como privatizar a empresa: se através da venda direta, da venda do controle majoritário ou abertura no mercado de ações. A atuação de empresas privadas no setor poderá ocorrer por meio de concessões, cadastros ou parcerias.

Privatização vai prejudicar população

A privatização comandada por Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes e o presidente da empresa o general Floriano Peixoto é um grave ataque que, se concretizada, irá significar aumento nos preços e piora na prestação do serviço.

Diferente do discurso mentiroso do governo, a ECT é uma empresa estratégica e lucrativa. Justamente por isso há esse grande interesse do governo entreguista de Bolsonaro e de setores privados em se apropriar desse patrimônio.

A propaganda de venda total da ECT é feita com argumento de que daria mais agilidade nas entregas e que a ampliação de empresas do ramo aumentaria a concorrência, barateando as postagens. Uma mentira.

O dirigente da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) e integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Geraldinho Rodrigues, explica que as empresas privadas que atuam no setor, principalmente de e-commerce, usam os Correios para entregar as suas encomendas mais distantes.

“Essas empresas privadas não têm uma malha que se estenda por todo o país e não se interessam em atuar em áreas mais longínquas e periféricas, pois não dá lucro. Com a destruição dos Correios, isso vai se agravar, além do aumento de tarifas”, explica.

Geraldinho destaca ainda que o desmonte dos Correios, visando a privatização, já ocorre há vários anos.

“A empresa vem sendo alvo do desmonte dos governos que avançaram na entrega fatiada e terceirização dos serviços prestados pelos Correios ao setor privado. Há oito anos, a empresa possuía 128 mil ecetistas e hoje atua com aproximadamente 80 mil, após uma série de PDVs [Plano de Demissão Voluntária], que resultam em aumento da exploração dos trabalhadores e afeta o atendimento à população”, disse.

O dirigente destaca recente pesquisa que revelou que 50,3% dos brasileiros é contra a privatização dos Correios e que somente uma forte mobilização poderá impedir a destruição deste patrimônio nacional.

O Comitê Nacional da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) aprovou a retomada de uma forte campanha e mobilização, que já aponta o dia 19 de março como um dia nacional de luta contra a privatização dos Correios.

“Em conjunto com todas as centrais sindicais, trabalhadores de outras estatais ameaçadas, como petroleiros, eletricitários, entre outras, precisamos construir uma luta em todo o país para barrar o entreguismo deste governo de ultradireita e capacho dos interesses dos setores privados”, defendeu Geraldinho.

Não à privatização dos Correios!

Por uma empresa pública, 100% estatal e sob controle dos trabalhadores!

Fora Bolsonaro, Mourão e Floriano Peixoto!

Via CSP-Conlutas.