Em um mês e meio de funcionamento, a CPI da Covid no Senado vem revelando as decisões e medidas do governo Bolsonaro diante da pandemia. A cada semana, depoimentos e documentos comprovam que o verdadeiro genocídio em curso no país, onde já morreram mais de 474 mil brasileiros (as), é resultado de uma política negacionista e consciente por parte deste governo de ultradireita.

Nesta terça-feira (8), o ministro Marcelo Queiroga volta a depor na CPI e será novamente confrontado para dar informações sobre a realização da Copa América no país em plena pandemia, entre outras, depois de seu primeiro depoimento ter sido considerado evasivo e insuficiente. A semana terá ainda a presença do ex-secretária executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco, do governador do Amazonas Wilson Lima (PSC-AM) e especialistas sanitários e epidemiologistas.

Boicote à vacina, promoção de medicamentos sem eficácia como a cloroquina, gabinete paralelo, busca da “imunidade de rebanho” à custa de milhares de mortes, má gestão e muitas fake news são alguns dos fatos já confirmados na CPI.

Apesar de todos os integrantes e apoiadores do governo mentirem descaradamente para tentar preservar Bolsonaro, na prática, os fatos mostram o contrário. Bolsonaro participou diretamente das decisões do governo que, por exemplo, rejeitaram por vários meses a compra de vacinas, motivo pelo qual, até agora o Brasil só imunizou pouco mais de 10% da população contra a Covid-19 com as duas doses necessárias.

Os depoimentos até agora já apontaram fatos gravíssimos como:

1 – ofertas de vacinas da Pfizer e da CoronaVac foram ignoradas ou recursadas dezenas de vezes no ano passado pelo Ministério da Saúde sob o comando do general Eduardo Pazuello.

2 – o governo agiu aconselhado por um gabinete “paralelo”, formado por figuras como o médico terraplanista Osmar Terra, o filho do presidente Carlos Bolsonaro, a médica Nise Yamaguchi, entre outros, em que posturas negacionistas, anti-vacina e em defesa do falso tratamento precoce eram a tônica.

3 – defesa insistente de um suposto “tratamento precoce” com remédios sem comprovação científica no combate à Covid, como a cloroquina. Houve, inclusive, a tentativa de se mudar a bula da cloroquina, apesar de em todo o mundo o medicamento ter sido descartado por oferecer até mesmo risco de morte a pacientes com Covid.

4 – no episódio da crise de falta de oxigênio em Manaus (AM), em que dezenas de pessoas morreram asfixiadas, o governo soube com antecedência, mas não agiu. Ao contrário, fez do estado um laboratório para teste da chamada tese de “imunidade de rebanho” e do uso da cloroquina.

O uso de mentiras e fake news também fica flagrante na postura do governo. Depoentes como o ex-ministro Pazuello, Fábio Wanjgarten e a médica Nise Yamaguchi na maior cara de pau negaram declarações e posições que tiveram, apesar de vídeos, documentos e postagens nas redes sociais deles próprios mostrarem o contrário.

Na última semana, os depoimentos de Yamaguchi e da infectologista Luana Araújo, ex-secretária de enfrentamento ao coronavírus que não durou nem dez dias no cargo por suas posições em defesa da Ciência, foram destaque.

Nise Yamaguchi ficou sem respostas diante do questionamento de senadores a questões básicas sobre a Covid-19 e sua tentativa de defender o uso da cloroquina foi destruída, pois sequer soube dizer quais os estudos científicos que comprovariam tal posição.

Já a infectologista Luana Araújo afirmou que “o Brasil está na vanguarda da estupidez”. Segundo ela a discussão sobre o uso da cloroquina, tão defendida pelos bolsonaristas, é “delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente”. “É como discutir de que borda da Terra Plana vamos pular”, ironizou.

Basta de genocídio! Fora Bolsonaro e Mourão, já!

Desde o início da pandemia, o governo vem adotando uma verdadeira política genocida. Bolsonaro age abertamente contra todas as medidas que poderiam combater o coronavírus, como o uso de máscaras, distanciamento e isolamento social, sem falar no boicote às vacinas.

Minimizando não só os efeitos sanitários da pandemia, este governo de ultradireita também trata com descaso os efeitos sociais, como a fome e o desemprego, sem garantir sequer um auxílio emergencial digno aos trabalhadores e apoio aos pequenos proprietários.

“A CPI só está comprovando o que já sabíamos desde o início. Que há uma política consciente por parte do governo que está causando um verdadeiro genocídio no país, seja pela Covid, seja pela fome. Já há elementos que comprovam isso. Entretanto, apesar de farto material e de centenas de pedidos de impeachment parados na Câmara, ao que tudo indica, não há intenção por parte do Congresso, dominado pelo Centrão, em afastar e responsabilizar Bolsonaro”, avalia o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes.

“Não basta desgastar Bolsonaro e achar que nas eleições em 2022 a situação pode mudar. Até lá podemos ter até 1 milhão de mortos e uma crise social sem precedentes. É preciso botar para fora Bolsonaro e Mourão, já”, disse.

“No próximo dia 19 de junho, novo dia nacional de mobilizações pelo Fora Bolsonaro, precisamos novamente tomar as ruas, intensificando uma ampla luta unitária. Às centrais sindicais, rumo a uma Greve Nacional Sanitária no país que, de fato, encoste na parece o governo e os setores empresariais que sustentam Bolsonaro.

“Só assim poderemos ter vacinação em massa, auxílio emergencial de R$ 600, estabilidade no emprego, manutenção dos direitos; defender os serviços e servidores públicos, bem como a soberania do país na luta contra as privatizações, entre outras demandas, para garantir a defesa da vida, dos empregos e direitos”, concluiu Atnágoras.

Via: CSP-Conlutas.